Baile das histórias apresenta-se como um baile com um alinhamento cénico dado através de danças de roda, histórias e lengalengas contadas e dançadas, ditos antigos e cantilenas de crianças de agora. Uma festa coletiva capaz de enlear gerações, que dá a ver olhares e gestos do feminino. Na hora de escolher uma personagem Bicho ou Homem, na primeira música “que linda falua”, o público/ator participante está também a escolher uma personagem para integrar a grande roda e assim assumir, com a ajuda de adereços de vestuário (golas, chapéus, lenços e outros), construídos para o efeito, um corpo com uma função no jogo social que se impõe no baile. Baile das histórias tem um formato de espetáculo multidisciplinar, baseado no universo da pintora Paula Rego, com uma curiosa componente performativa, que coloca o espectador no lugar de ator/bailarino, levando a uma reflexão, ainda que inconsciente, da semiótica do corpo, que se destaca da cena. Isto é, a performance acontece quando é vivenciada por um corpo, enquanto “objeto de inscrição de signos/códigos” (José Gil). Este corpo dualiza-se em objeto-observador, capaz de interiorizar e interpretar os signos exteriores que o rodeiam.