A música dos Dead Combo é indissociável dos espaços (físicos e mitológicos) que a geraram. Sem letras nem palavras, o duo de Tó Trips e Pedro Gonçalves canta, com uma clareza desarmante, o Tejo e Lisboa, Portugal e o Mediterrâneo, uma África idealizada e a vastidão da América, imaginada em Itália nos westerns de Morricone, majestosamente filmada por Wim Wenders e tocada por Ry Cooder. Para cantarem estes retratos, repita-se, não precisam de uma voz. Precisam apenas de uma guitarra e de um contrabaixo, que, informados por uma certa vivência do rock’n’roll, conjuram anos e anos de música e atravessam continentes, reunindo o fado e os blues na mesma canção. A Bunch of Meninos é o mais recente capítulo de um dos mais belos e singulares corpos de trabalho produzidos em Portugal ao longo da última década.
Os Dead Combo são Tó Trips e Pedro Gonçalves. A dupla nasceu em 2003, na sequência de um convite do radialista Henrique Amaro (Antena 3) para comporem e gravarem a canção “Paredes Ambience”, incluída no disco de homenagem a Carlos Paredes, Movimentos Perpétuos – Música para Carlos Paredes. Os álbuns da banda editados até ao momento têm sido largamente elogiados em Portugal e no estrangeiro, recebendo vários prémios para álbum do ano. Lusitânia Playboys (2008), o terceiro disco de estúdio, foi eleito álbum da década pelo jornal Expresso. A dupla participou no episódio sobre Lisboa do programa “No Reservations”, de Anthony Bourdain, o que lhes valeu a entrada no top 10 dos discos de world music mais vendidos no iTunes norte-americano. Em dezembro de 2014, coroando um ano com mais de 40 concertos realizados, esgotaram com espetáculos mágicos o Coliseu dos Recreios, em Lisboa, e o Teatro Rivoli, no Porto. Também no final de 2014, ficou a saber-se que A Bunch of Meninos foi considerado pelos leitores do Blitz como o melhor álbum português de 2014. O ano de 2015 começou com a chegada da música dos Dead Combo a Hollywood, através da inclusão de duas músicas suas no filme Focus, realizado pela dupla Glenn Ficarra e John Requa e protagonizado pela superestrela norte-americana Will Smith. O Globo de Ouro de 2015 para melhor banda confirmou o reconhecimento nacional do trabalho de Tó Trips e Pedro Gonçalves.
Em 2016, a banda reinventa-se com a ajuda das Cordas da Má Fama e apresentam-se de forma mais acústica e, por vezes, surpreendente, de norte a sul de Portugal, culminando com o lançamento de um novo disco, o oitavo da sua carreira. Em 2017, os Dead Combo continuam a trajetória extraordinária que têm vindo a desenhar, com a consolidação da sua carreira internacional e a sua afirmação como uma das mais interessantes e importantes bandas do novo panorama musical português.